10 janeiro 2012

O valor do empreendedorismo

O texto a seguir é do professor Ubiratan Iorio. Foi retirado do seu livro Ação, tempo e conhecimento: A escola austríaca de economia.

Desculpem-me pela simples cópia dos trechos... o autor sintetizou muito bem e tornou muito claro qual o valor do empreendedorismo em uma sociedade.

O empreendedor é fundamental para a geração de riqueza, não apenas para ele, mas para milhões, bilhões de pessoas, especialmente para os consumidores. Não é um simples proprietário de uma empresa (empresário), mas alguém que, muitas vezes sem um centavo no bolso, vislumbrou antes dos demais uma oportunidade de produzir algo que iria tornar satisfeitos os consumidores e melhorar as suas vidas; é alguém que, antecipando essa possibilidade, assumiu riscos às vezes fantásticos, pois, em caso de fracasso, perderia até os sapatos que calça; é alguém que, em inúmeros exemplos, precisou tomar empréstimos para tornar viável o negócio que imaginou; é alguém que criou e, neste sentido, é cocriador, o que o aproxima, como homem, da imago Dei; é alguém de cujas ideias e sonhos terminam brotando riqueza e dinheiro, empregos e rendas para os seus semelhantes; é alguém que percebe que uma determinada ideia é boa e trabalha duramente para pô-la em prática e que sabe perfeitamente que, caso sua ideia seja executada, mas não caia no agrado dos consumidores, naufragará com ela.

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Ai do mundo se não existissem pessoas assim, com tal disposição para assumirem riscos e, desta forma, contribuírem para melhorar as condições de vida do mundo, não apenas em proveito próprio, mas beneficiando bilhões de outros indivíduos. Cristóvão Colombo, por exemplo, foi um autêntico empreendedor, em uma época em que os riscos de seu empreendimento eram enormes, pois as naus eram semelhantes a cascas de nozes e o capital necessário para o seu empreendimento, bem como as suas fontes, era muito mais escasso do que em nossos dias, o que o levou a buscar a ajuda da rainha Isabel de Castela, pois, se fosse depender de recursos próprios ou de empréstimos de bancos, não poderia realizar o seu negócio, que mudou o mundo. Irineu Evangelista de Souza (o Visconde de Mauá), Amador Aguiar, Akio Morita, Bill Gates e milhões de criadores anônimos de pequenos e grandes negócios espalhados pelo mundo são exemplos de empreendedores.

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O empreendedorismo brota do espírito criativo dos indivíduos, que os leva a assumir riscos para criar mais riqueza, o que o faz depender, para que possa florescer, de quatro atributos: de um governo limitado, do respeito aos direitos de propriedade, de leis boas e estáveis e da economia de mercado. Quanto mais uma sociedade afastar-se desses pressupostos, mais sufocada ficará a atividade de empreender, o que terminará por prejudicar toda a sociedade, porque não se conhece até hoje exemplo de desenvolvimento econômico sem a presença de empreendedores.

02 janeiro 2012

Milton Friedman e a liberdade

"A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja." Miguel Cervantes

O economista norte americano Milton Friedman é conhecido como sendo um dos maiores defensores do liberalismo no século XX. Nesse breve texto, apontarei algumas linhas do entendimento desse pensador sobre a liberdade.

Antes de tudo, vale mencionar que o liberalismo econômico, representado pelo livre mercado, é visto pelos liberais como a melhor forma de enriquecimento dos indivíduos.

Como disse outro economista liberal, Ludwig von Mises, o liberalismo "é uma doutrina que se dirige inteiramente ao comportamento dos homens nesse mundo. Ela não tem nada mais em vista que não a promoção do bem-estar material deles, e não se preocupa com suas necessidades interiores, espirituais e metafísicas¹".

Thomas Jefferson escreveu nas resoluções de Kentucky que um governo livre é fundamentado na desconfiança, e não na confiança. Nesse sentido, em uma sociedade liberal o governo não controla a sociedade ou a economia sob qualquer aspecto.

No que tange o aspecto social, Milton Friedman afirma²: “A questão crucial que qualquer pessoa que acredita na liberdade tem que fazer a si mesmo é se deve deixar outro homem ser livre do pecado. Se você realmente sabe o que é pecado, se você pudesse estar absolutamente certo que você teve a verdade revelada, então você não poderia deixar outro homem pecar. Você tem que detê-lo”.

E ainda completa: “O liberal concebe os homens como seres imperfeitos. Ele considera o problema da organização social a ser tanto um problema negativo de impedir que pessoas "más" causem danos como de permitir que pessoas "boas" façam o bem, e, é claro, “boas” e “ruins” podem ser as mesmas pessoas, dependendo de quem está julgando”.

Diferenciado de qualquer outra corrente de pensamento é a modéstia que os liberais tem com relação ao entendimento de verdade, como ficou patente nesse último trecho. Considere todos os movimentos totalitários que ocorrem no mundo no último século. Todos desvios com relação a tal princípio que norteia o liberalismo. Algo para ser refletido...


1 http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=34
2 http://libertarianpapers.org/2009/27-machanmilton-friedman-the-human-good/