O
BNDES (banco nacional de desenvolvimento econômico e social) tem ganhado
notoriedade crescente nos últimos anos. O Banco é uma empresa pública federal,
sendo atualmente o principal instrumento de financiamento de longo prazo em
todos os segmentos da economia.
Fundado
em 1952, por Roberto Campos (o nome original era BNDE), o BNDES se destaca no
apoio à agricultura, indústria, infraestrutura e comércio e serviços,
oferecendo condições “especiais” para micro, pequenas, médias e grandes
empresas.
A
operação do BNDES tem sido elogiada constantemente por políticos, partidos,
governo, imprensa e economistas. Notadamente, as taxas de juros são altas no
Brasil. Nesse sentido, a operação do BNDES, que fornece crédito subsidiado,
possibilita o financiamento de empreendimento com taxas de juros mais
acessíveis, que viabiliza muitos negócios.
Contudo,
nem só efeitos positivos advêm com a operação do Banco público. Um efeito contraverso que emana de sua
atividade é a pressão altista que exerce nas elevadas taxas de juros no Brasil.
Exatamente.
Como ensina a teoria econômica, a segmentação de mercado sempre gera efeitos
negativos. No caso brasileiro, a segmentação do mercado de crédito, que ocorre
com a operação de bancos que fornecem crédito subsidiado, como é o caso do
BNDES, impacta positivamente nas taxas de juros de mercado.
Especificamente,
o financiamento subsidiado – fornecido a taxas de juros abaixo do que prevalece
no mercado – pelo BNDES à economia, deve estar pressionando a taxa real de
juros de equilíbrio no mercado de crédito.
A
intuição é que o setor público oferecendo crédito subsidiado a economia, a
política monetária controlada pelo Banco Central terá de elevar ainda mais as
taxas de juros visando manter a demanda por crédito em um nível consistente com
a meta inflacionária.
É
aquele cabo de guerra que funciona na economia: os setores ou empresas que
recebem o crédito são beneficiados, ao passo que os outros, que não tem a
mordomia do crédito subsidiado, irão pagar o preço, visto que a oferta de
crédito a estes chega a um custo mais elevado do que teria caso não houvesse o
crédito subsidiado.
Em
outras palavras, considerando a existência de crédito subsidiado, o Banco
Central controla apenas uma parte do mercado de crédito existente na economia.
Logo,
a taxa real de juros de equilíbrio consistente com pleno emprego e estabilidade
de preços será uma função das taxas de juros subsidiadas e das taxas de juros
não subsidiadas (de mercado).
Com
efeito, as taxas de juros subsidiadas exercem uma pressão extra sobre o
mercado, fazendo com que as taxas de juros não subsidiadas sejam mais elevadas
do que seriam caso não houvesse a operação do crédito subsidiado.
Não
pretendo criticar a operação do BNDES. Estou apenas ressaltando um custo que
existe em face da operação do banco, e que foge as vistas de muitos. Ao que
parece, o BNDES é algo sacrossanto, e que apenas coisas boas emanam de sua
operação.
Enquanto
economistas competem a nós apontar tanto os efeitos positivos como os negativos
que surgem das políticas econômicas (BNDES é fruto de política econômica, não
do livre mercado). Como muitos apontam o lado positivo, optei por fazer o
trabalho sujo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário