28 fevereiro 2013

Inflação em 2012: o que foi dito e o que não foi dito



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Segundo o IBGE, a inflação mensurada pelo IPCA finalizou 2012 em 5,84%. 

Naturalmente, o governo comparou este número com a inflação de 2011 (6,5%) para afirmar que a inflação desacelerou no país. O que não foi dito é que o IPCA de 2012 não é diretamente comparável ao de 2011, pois o IBGE alterou a metodologia do cálculo do IPCA.
Ao que foi apontado, baseando-se na metodologia antiga, o IPCA de 2012 ficaria em torno de 0,3% mais alto em 2012, portanto, próximo de 6,15%.

Deve-se lembrar que o governo muito se utilizou de desonerações tributárias visando a redução da inflação. Estudos indicam que sem as desonerações tributárias a inflação mensurada pelo IPCA ficaria em torno de 0,3% mais alta (fechando assim 2012 com 6,45%). 

Este valor é muito próximo do ano de 2011, e consideravelmente maior do que a média mundial. Até quando o Brasil será um país conhecido por elevadas taxas anuais de inflação?

O uso de política tributária com finalidade de controle inflacionário é algo desprezível, não sustentável e antieconômico. Explico-me:

Sempre que o preço de um bem aumenta isso implica em um aumento da escassez relativa deste bem em relação a outros bens. Se o governo utilizar política tributária e diminuir o imposto sobre o bem, visando tentar anular o aumento de preços, ele não muda o fato básico de que a escassez relativa do bem aumentou. De fato, o que o governo faz é esconder tal aumento, impedindo que o mercado ajuste seu consumo a nova realidade de escassez.

Usar política tributária para combater a inflação é enganar a sociedade. Quando os preços dos bens aumentam, isso implica em perda de poder de compra da moeda (inflação). Ao diminuir impostos visando anular o aumento de preços, o governo não altera o fato crucial de que o poder de compra da moeda caiu.

Por fim, deixa-se um exemplo de como a política tributária para controle de inflação é perversa e antieconômica: 

Considere que 100 reais são suficientes para comprar uma cesta de alimentação por mês. Suponha que com a inflação, a mesma cesta custe 120 reais. Tão logo isso se torna patente, o governo usa política tributária, reduzindo os impostos sobre os bens da cesta de alimentação, de tal maneira que a mesma volte a custar 100 reais. O IPCA irá então dizer que não ocorreu inflação, mesmo ela tendo ocorrido! Afinal, em um primeiro momento, compravam-se mais bens do que a cesta de alimentação apenas. Por quê? Pois com os 100 reais iniciais era possível comprar também uma série de serviços do governo que estavam inseridos no imposto pago. Ao se utilizar política tributária para combater a inflação o governo evitou o aumento do preço da cesta de alimentação, mas não evitou a perda de valor da moeda e a eliminação dos serviços embutidos nos impostos inicialmente pagos. Veja que de fato a economia empobrece neste caso, pois agora há apenas a cesta de alimentação sem os serviços públicos ofertados em vista do imposto já não mais pago. A sociedade perde bem estar nesse caso.

Com efeito, o uso de política tributária para controle de inflação culmina em: enganar a população, dificultar que ajustes nas cestas de consumo (decorrentes do aumento original de preços) sejam realizados; empobrecimento do país!

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