31 março 2013

A culpa não é da crise externa...





Durante a cúpula dos BRICS, realizada em março de 2013 na África do Sul, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a retomada do crescimento econômico no Brasil foi fruto da política econômica do governo em reação à crise financeira internacional. Afirmou no evento que o Brasil vem se recuperando desde o ano passado, depois da desaleração em 2011 e 2012, dizendo que "não foi um crescimento espontâneo, mas foi um crescimento fruto do resultado de uma série de medidas de estímulo fiscal, tributário e monetário".

Mesmo com o pífio crescimento de 0,9% no ano de 2012[1] a defesa da relevância do governo para a economia foi ressaltada. 

Para a presidente, a piora de desempenho econômico em 2012 é uma questão cíclica, causada pela crise internacional, assim como pela menor disponibilidade de crédito, algo muito próximo da crise de 2009, e que merece, naturalmente, as mesmas respostas: juros mais baixos, aumento da disponibilidade de crédito por meio dos bancos públicos e, por fim, uma política fiscal mais frouxa com redução do superávit primário.

Uma análise crítica da opinião da presidente esbarra em um ponto crucial: não há amparo desse diagnóstico com a realidade.

Sabe-se que as economias da América Latina e Central apresentam estruturas produtivas similares a nossa, e, portanto, devem (ou devemos) apresentar crescimentos econômicos próximos. Vejamos dados de crescimento econômico na região:

Panamá - 9,5%, Haiti - 6,0%, Peru - 5,9%, Bolívia - 5,0%, Chile - 5,0%, Costa Rica - 5,0%, Nicarágua - 5,0%, México - 4,0%, Cuba - 3,0%, Argentina - 2,0% e Paraguai -2,0%.

Sim. Só ganhamos do Paraguai em termos de crescimento econômico. É muito difícil sustentar que a crise internacional causou uma redução no crescimento brasileiro ao mesmo tempo em que vários países vizinhos, inclusive mais dependentes de commodities do que o Brasil, registraram aceleração no período.

Ainda, ao se analisar o ano de 2009, vivenciamos piora no mercado de trabalho e redução expressiva da inflação. Algo bem distinto da situação atual...

A insistência da estratégia atual de política econômica revela que certamente péssimos resultados deverão vir, caso seja mantida tal estratégia.



[1] A despeito de Programas como PAC (Programa de aceleração de crescimento), e outros tantos que pouco soam eficazes, apensar de extremamente custosos...

2 comentários:

  1. É perceptivel como o governo está perdido quanto ao diagnóstico da crise. bom artigo!

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  2. O que importa sao as bolsas. Crescimento pra que .. com bolsa família?

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