23 abril 2013

Tomate - o pepino da equipe econômica?



Infelizmente, os meios de divulgação tem prestado um enorme desserviço ao país ao ressaltar a alta no preço do tomate e considerá-la a grande vilã da inflação. Pergunta-se: Como pode um bem que possui participação no orçamento de 0,22% impactar tanto sobre um índice de inflação?
 

Como ressalta Gustavo Franco, “o essencial é que a inflação é um esporte de massa”. Por definição, a inflação é caracterizada como o aumento generalizado dos preços - e não o aumento do preço de um bem.


No caso brasileiro, chama atenção o “índice de difusão”, que mede simplesmente a proporção de produtos dentre os 365 componentes do IPCA cujos preços tenham aumentado no mês. O fato do processo de elevação de preços estar generalizado na cesta de bens considerados no índice ocorre, pois aproximadamente 75% dos bens pesquisados estão sofrendo elevação nos seus preços. A escalada dos preços não se trata, portanto, de um fenômeno isolado, mas sim de um fenômeno amplamente difundido entre os produtos.


Há ainda a defesa de que o comportamento do consumidor pode atenuar o processo inflacionário. É um grande engano essa crença. Explico-me: Há aqueles que sustentam que ao consumidor se abster de consumir o produto que está tendo alta consistente nos preços (como o tomate), forçaria a queda no preço do produto, impactando assim nos índices de inflação. Grande engano. É bem verdade que ao se abster de consumir o produto com preço mais elevado, pressiona-se a queda no preço do bem. Contudo, os consumidores não param simplesmente de consumir, e o fato de se abster de consumir certo produto (como o tomate), não faz com que ele pare de consumir os outros produtos. Ele apenas substitui o consumo do produto em alta (tomate), consumindo outro produto. Neste caso, ao se elevar a demanda dos outros bens, novamente está ocorrendo o processo de pressão sobre os preços (a curva de demanda do novo bem é deslocada para a direita, com novo preço de equilíbrio agora maior). Em suma, abster-se de consumir um bem com preços em alta (como o tomate) não reduz a pressão sobre os índices de inflação!      
     

Como ensinou o professor Milton Friedman, “a inflação é sempre e em toda a parte um fenômeno monetário”. Nesse caso, não há a menor possibilidade de controle inflacionário sem a adoção de rigorosa política monetária. E para haver rigor na política monetária, é necessário que haja independência do Banco Central, e não intromissão de presidente, ou ainda, ministro da fazenda falando sobre controle inflacionário. Inflação é fruto de política monetária, competindo apenas ao Banco Central tratar do assunto.


Em assuntos econômicos, quando o voluntarismo ou a “fé” se sobressai sobre a sólida teoria econômica, vemos péssimos resultados econômicos, como os que estão ocorrendo atualmente no Brasil. Controle inflacionário não se faz com desoneração tributária e controle de preços, mas sim com política monetária prudente. 


Mas para haver política monetária prudente, também é necessário controle na política fiscal... Considerando o entrelaçamento que existe entre política fiscal e monetária, torna-se crível que a política monetária não poderá ser prudente enquanto prevalecer no Brasil “contabilidade criativa” e outras artimanhas da política fiscal conduzida pela pior equipe econômica da história do Brasil.